Eleição em Cristo ou Predestinação?
A doutrina da eleição ou predestinação aceita pelos reformados, não é uma espécie de determinismo da parte de Deus? Se Ele predestinou, determinou ou elegeu, não faz diferença, pois alguns estão destinados ao céu e outros ao inferno. Além do mais, não há aqui uma contradição pelo fato de que Ele tenha amado ao mundo e dado o Seu Filho por todos? Pedro diz que Ele quer que todos sejam salvos, certo?
Vamos responder em duas partes a pergunta acerca da Doutrina da Eleição e a Doutrina da Predestinação.
Primeira Parte – Eleição
A escolha por Deus daqueles que creem em Cristo é uma doutrina importante (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição (gr. eklegoe) refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2Ts 2.13). Essa eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe como seus todos os que recebem seu Filho Jesus (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as seguintes verdades:
1. A eleição é Cristocêntrica, isto é, a eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef 1.4). O próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus. A respeito de Jesus, Deus declara: “Eis aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé;
2. A eleição é feita em Cristo, pelo seu sangue; “em quem [Cristo]… pelo seu sangue” (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação (Ef 1.4), era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados (At 20.28; Rm 3.24-26).
3. A eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, isto é, a eleição de um povo (Ef 1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1; 2.9). Os eleitos são chamados “o seu [Cristo] corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus (1Pe 2.9) e a “noiva” de Cristo (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva e abrange o ser humano como indivíduo, somente à medida que este se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23; ver Robert Shank, Elect in the Son (Eleitos no Filho). É uma eleição como a de Israel no Antigo Testamento (Dt 29.18-21; 2Rs 21.14)).
4. A eleição para a salvação e a santidade do corpo de Cristo são inalteráveis. Mas individualmente a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele. O apóstolo Paulo demonstra esse fato da seguinte maneira:
a) O propósito eterno de Deus para a igreja é que sejamos “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4). Isso se refere tanto ao perdão dos pecados (Ef 1.7), como à santificação e santidade. O povo eleito de Deus está sendo conduzido pelo Espírito Santo em direção à santificação e à santidade (Rm 8.14; Gl 5.16-25). O apóstolo enfatiza repetidas vezes o propósito supremo de Deus (Ef 2.10; 3.14-19; 4.1-3,13,14; 5.1-18);
b) O cumprimento desse propósito para a igreja como corpo não falhará: Cristo a apresentará “a si mesmo igreja gloriosa… santa e irrepreensível” (Ef 5.27);
c) O cumprimento desse propósito para o crente como indivíduo dentro da igreja é condicional. Cristo nos apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente: Cristo irá “vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé e não vos moverdes da esperança do evangelho” (Cl 1.22,23).
5. A eleição para a salvação em Cristo é oferecida a todos (Jo 3.16,17; 1Tm 2.4-6; Tt 2.11; Hb 2.9), e torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em Cristo (Ef 2.8; 3.17; cf. At 20.21; Rm 1.16; 4.16). Mediante a fé, o Espírito Santo admite o crente ao corpo eleito de Cristo (a igreja) (1Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos. Daí, tanto Deus quanto o homem têm responsabilidade na eleição (Rm 8.29; 2Pe 1.1-11).
Comentários
Postar um comentário