HABACUQUE: A soberania divina sobre as nações
VERDADE PRÁTICA
A
fim de cumprir os seus planos Deus age soberanamente na vida de todas as nações
da terra.
INTERAÇÃO
“O justo viverá pela fé”. Esta sentença tornou-se uma
das mais importantes temáticas do Novo Testamento. Foi um dos lemas da Reforma
Protestante. O apóstolo Paulo é um dos que descrevem a graça de Deus de maneira
mais intensa e bela: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não
vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Tal perspectiva da graça de Deus foi
precedida pelo profeta Habacuque, quando ele declarou: “O justo, pela sua fé,
viverá” (2.4).
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
- Soberania: Qualidade ou condição de um
soberano; autoridade; domínio; poder.
No
diálogo entre Habacuque e o Senhor, presenciamos uma singular beleza teológica
e literária. Ao longo do livro de Habacuque, deparamo-nos com uma das mais
notáveis declarações doutrinárias: “O justo, pela sua fé, viverá” (2.4). Este
oráculo fez-se tão notório, que se tornou uma das mais importantes temáticas,
em o Novo Testamento (Rm 1.17 cf. Gl 3.8). Séculos mais tarde, inspirou
Martinho Lutero a deflagrar a Reforma Protestante.
I. O LIVRO DE
HABACUQUE
1.
Contexto histórico. Habacuque
exerceu o seu ministério quando os caldeus marchavam vitoriosamente pelo
Oriente Médio (1.6). Tal marcha iniciou-se em 627 a.C. e foi concluída com a
vitória sobre Faraó Neco, do Egito, na Batalha de Carquêmis, em 605 a.C. (Jr
46.2). Tempo em que, de fato, os caldeus tornaram-se um império pujante. Isso
mostra que o profeta era contemporâneo de Jeremias e Sofonias (Jr 1.1; Sf 1.1).
Ele menciona ainda a opressão dos ímpios sobre os pobres e o colapso da justiça
nacional (1.2-4) e descreve também o cenário do reinado tirânico de Jeoaquim, rei
de Judá, entre 605 e 598 a.C. (Jr 22.3,13-18).
2. Vida pessoal. Não
há informações, dentro ou fora do livro, sobre a vida pessoal de Habacuque.
Apenas temos a declaração de que ele é profeta (1.1), detalhe este também
encontrado em Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). A partir dessas poucas
informações e pela finalização de seu livro (3.19), muitos estudiosos entendem
que Habacuque era um profeta bem aceito pela sociedade e — há quem afirme —
oriundo de família sacerdotal. A literatura rabínica apoia essa ideia.
3. Estrutura e mensagem. No estudo passado, aprendemos que o
termo “peso” indica uma “sentença pesada e profecia”. A exemplo do livro de
Naum, esse oráculo foi revelado à Habacuque na forma de visão (1.1). A profecia
divide-se em três capítulos. O primeiro denuncia a corrupção generalizada da
nação e a consequente resposta divina (1.2-17); o segundo, outra resposta do
Eterno (2.1-20); e a terceira, a oração de Habacuque (3.1-19). O oráculo
divino, que possui a mesma estrutura dos Salmos, tem como principal ênfase a
fé.
II.
HABACUQUE E A SITUAÇÃO DO PAÍS
1.
O clamor de Habacuque. O que
ocorria em Judá ia de encontro ao conhecimento que Habacuque possuía a respeito
do Deus de Israel. Mas como é possível Aquele que é justo e santo tolerar
tamanha maldade? O profeta expressa sua perplexidade na forma de lamentos: “Até
quando, SENHOR[...]?” (1.2; Sl 13.1,2); “Porque[...]?” (1.3; Sl 22.1). Essas
perguntas indicam que, há tempos, Habacuque orava a Deus em busca de solução.
2. A descrição do pecado. Assim, o profeta resume o quadro
desolador do seu povo: iniquidade e vexação; destruição e violência; contenda e
litígio (1.3). A Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada) emprega o termo
“opressão”. A Bíblia TB (Tradução Brasileira) usa “perversidade” no lugar de
“vexação”. A estrutura poética nessa descrição revela a falência da justiça e o
abuso opressor das autoridades em relação aos pobres.
3. O colapso da justiça nacional. A frouxidão da lei era consequência da
corrupção generalizada. Na esfera judiciária, a sentença não era pronunciada,
ou quando dado o veredicto, este sempre beneficiava os poderosos (1.4). A
sociedade sequer lembrava-se da lei. Esta era o poder coercitivo para manter a
ordem pública, garantir a segurança e os direitos do cidadão (Dt 4.8; 17.18,19;
33.4; Js 1.8). Mas a influência das autoridades piedosas não foi suficiente
para mudar o estado das coisas. Somente o Senhor onipotente de Israel é quem
pode fazer plena justiça.
III. A RESPOSTA
DIVINA
1.
O juízo divino é anunciado. Antes
de Habacuque perceber a gravidade da situação, Deus, que está no controle de
todas as coisas, apenas aguardava o tempo oportuno para agir e mostrar a razão
de sua intervenção. Tudo estava nos planos do Senhor. O profeta e todo o povo
de Judá precisavam prestar mais atenção aos acontecimentos mundiais, pois o
Eterno realizaria, naqueles dias, uma obra que eles não creriam, quando lhes
fosse contada (1.5). Essa obra era um novo império que Deus estava levantando
no mundo. Não obstante, esse oráculo também diz respeito à vinda do Messias (At
13.40,41).
2. Os caldeus e a questão ética (1.6). O império dos caldeus crescia e
agigantava-se sob a liderança do rei Nabucodonosor. Ele estava a caminho de
Jerusalém para invadir a província de Judá. No entanto, Habacuque ficou
desapontado com essa resposta. Como um povo idólatra, sem ética e respeito aos
direitos humanos, poderia castigar o povo de Deus? Ele pergunta: “por que,
pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora
aquele que é mais justo do que ele?” (1.13). Trataria o Senhor os filhos de
Judá como os animais? (1.14). Permitiria à Babilônia fazer o que desejasse com
o povo? (1.15-17).
IV. DEUS
RESPONDE PELA SEGUNDA VEZ
1. A espera de Habacuque (2.1). Sabedor de que Deus lhe responderá, o
profeta prepara-se para ser arguido por Deus. Ele se posiciona como uma
sentinela — figura comumente empregada para descrever os profetas bíblicos. Sua
função era ficar alerta para escutar a palavra de Deus e transmiti-la ao povo
(Is 21.8; Jr 6.17; Ez 3.17).
2. A visão. A
resposta divina veio ao profeta através de uma visão transmitida com agilidade
e nitidez, dispensando a necessidade de que alguém lesse e a interpretasse
(2.2), pois se tratava de uma mensagem que, apesar de futurística, era claríssima:
A Babilônia desaparecerá da terra para sempre! No entanto, Judá, apesar do
castigo, sobreviverá (Jr 30.11). O desafio era crer na mensagem! Ainda que seu
cumprimento tardasse, Deus é fiel para cumprir a sua palavra (2.3; Jr 1.12).
Assim como naquele tempo, o mundo permanece no pecado por causa da
incredulidade e por isso não crê na pregação do Evangelho (Jo 9.41; 15.22;
16.9; 2 Co 4.4).
3. O justo viverá da fé. A expressão “alma que se incha” (2.4)
refere-se ao orgulho dos caldeus (1.10; Is 13.19). O justo é aquele que crê no
julgamento de Deus sobre a Babilônia (2.8). Ele sobreviverá à devastação de
Judá pelo exército de Nabucodonosor: “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4b). Mas
ao mesmo tempo é uma mensagem de profundo significado para a fé cristã (Rm
1.17; Gl 3.8; Hb 10.38). Em o Novo Testamento, o “justo” é quem, proveniente de
todas as nações, acolhe a mensagem do Evangelho e é justificado pela fé em
Jesus.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus é suficiente para
corrigir o caminho tortuoso de qualquer pessoa. Apesar de a resposta divina nem
sempre ser o que esperamos, ela é sempre a melhor. Quem não se lembra do fato
ocorrido na vida de Naamã? (2 Rs 5.10-14). Isso acontece porque os caminhos e
os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados que os nossos (Is
55.8,9). Vivamos, pois, pela fé!
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