JONAS: A misericórdia divina
VERDADE PRÁTICA
O
relato de Jonas ensina-nos o quanto Deus ama e está pronto a perdoar os que se
arrependem.
INTERAÇÃO
Nínive era absolutamente odiada pelos judeus. Como
capital do império assírio, ela representava a maldade, a crueldade, a
impiedade e agudeza de um império perverso. Mas o Altíssimo, cheio de graça e
amor, volta seu olhar para aquela cidade impenitente e decide enviar-lhe o
profeta Jonas. O profeta, sabedor de toda maldade praticada pelos ninivitas,
resistiu ao chamado divino. Entretanto, Deus estava no controle e não demorou
para que o profeta fosse até Nínive levar a mensagem de salvação. Jonas
aprendeu uma extraordinária lição a respeito do grande amor e misericórdia de
Deus. Não podemos nos esquecer que a mensagem da salvação é para toda a
humanidade.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave -
Misericórdia: Sentimento
de solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia; compaixão,
piedade.
A história de Jonas, que fascina crianças e adultos, é mais
conhecida por narrar a experiência do profeta no ventre do grande peixe. No
entanto, esse acontecimento não deve ofuscar o milagre maior: a conversão de
uma cidade pagã. Os dois milagres foram mencionados pelo Senhor Jesus e
continuam a impressionar ao longo da história.
I. O LIVRO DE
JONAS
1.
Contexto histórico. Salta aos
olhos de qualquer leitor que Jonas é da época do império assírio, cuja capital
era Nínive. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo
se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época, Jeroboão II,
filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte.
2. Vida pessoal. Jonas
se apresenta apenas como filho de Amitai (1.1). Ele é mencionado em outras
narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que era profeta do Reino do
Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs
14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas
proximidades de Nazaré da Galileia.
Jonas, que deveria ir para Nínive clamar contra esta
cidade, desobedeceu à ordem divina, procurando fugir para Társis. É o único
profeta bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele
seguiu em direção oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na
orla ocidental do Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, ideia aceita pela
maioria dos pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença
de Deus? (Sl 139.7-10)
1. Estrutura
e mensagem. O livro contém 48
versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com
estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não
deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em
que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt
12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e
a sua soberania sobre todas as nações.
II. O GRANDE
PEIXE
1. Baleia ou grande peixe? Na Bíblia Hebraica e na Septuaginta, o
versículo 17 é deslocado para o capítulo seguinte (2.1). A língua hebraica não
dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada como resultado de
uma interpretação tradicional que atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas
empregam dag gadol,
“grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes (1.17;
2.1,10). A Septuaginta traduz ketei
megalo por “grande monstro
marinho”, e ketos por “monstro marinho”, a mesma palavra
usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).
2. Interpretação. Não
há indício algum no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria,
ficção didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de pensamento,
pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros profetas (1.1;
Jr 33.1; Zc 1.1). Além disso, o Senhor Jesus Cristo, a maior autoridade no céu
e na terra, interpretou o livro como histórico, assim como históricos foram o
ministério e a ressurreição do Mestre. O Novo Testamento é a palavra final, e
isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4).
III. A
MISERICÓRDIA DIVINA
1. A conversão dos ninivitas (3.8,9). O curto relato do livro de Jonas serve
como prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt 2.11). Os ninivitas
foram salvos pela graça, pois “creram em Deus” (3.5) e “se converteram do seu
mau caminho” (3.10). As obras foram consequência da sua fé no Deus de Israel.
2. O “arrependimento” de Deus. O arrependimento humano é mudança de
mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia fala que “Deus se
arrependeu” (3.10), parece confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e
imutável, não pode mudar, nem alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para
uma declaração como essa é a linguagem antropopática, um modo de falar em
termos humanos, ou se trata de uma questão de ordem exegética, que é o nosso
caso aqui. Quem mudou, na verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do
plano divino (Jr 18.7,8).
3. Explicação exegética. O texto sagrado declara que “Deus viu
as obras deles, como se converteram do seu mau caminho” (3.10a). O verbo
hebraico aqui é shuv,
literalmente: “voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o
arrependimento humano. A respeito do “arrependimento” de Deus, que vem na
sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam,
“ter pena, arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm
15.11; Jr 8.18). Essas nuanças linguísticas podem ser confirmadas por qualquer
pessoa, ainda que não conheça uma única letra do alfabeto dessas línguas, com o
auxílio, por exemplo, da Bíblia
de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego (CPAD).
IV. A JUSTIÇA
HUMANA
1.
Descontentamento de Jonas (4.1). Jonas
foi bem-sucedido em sua missão. Qualquer profeta de Israel, ou mesmo algum
pregador de hoje, sem dúvida alguma ficaria satisfeito com o resultado do
trabalho. A Bíblia não revela a razão do descontentamento de Jonas, senão o que
o ele mesmo afirma, ao dizer que sabia que Deus é “piedoso e misericordioso,
longânimo e grande em benignidade e que te arrependes [niham] do mal”
(4.2b).
2. Jonas esperava vingança? O império assírio foi um dos mais
cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas
esperava uma vingança como retaliação por terem os assírios massacrado o seu
povo? O certo é que, ainda hoje, há crentes que se incomodam com o retorno à
Igreja dos que se acham afastados do rebanho. Quem não se lembra do irmão mais
velho do filho pródigo? (Lc 15.25-32). Às vezes, a bondade divina incomoda
alguns (Mt 20.15).
3. Compreendendo a misericórdia divina. A misericórdia divina é um dos
atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou
Nínive da destruição, prorrogou a sua ruína, e perdoou os seus moradores. O
próprio Jonas, na qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de
Deus.
CONCLUSÃO
Jonas transmite-nos uma importante lição prática. O relato
em si mostra a diferença abissal entre a bondade divina e a justiça humana. Aos
ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus,
que continua a salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At
4.12). Ele mesmo disse: “E eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt
12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro
antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo
assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a
incredulidade dos seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem
ouvido a pregação do profeta e arrependido de seus pecados.
Comentários
Postar um comentário