Série PROFETAS MENORES - Oséias
OSÉIAS: A fidelidade no
relacionamento com Deus
VERDADE PRÁTICA
O
casamento de Oseias ilustra a infidelidade de Israel e mostra a sublimidade do
amor de Deus.
INTERAÇÃO
O
casamento de Oseias denota uma diversidade de sentimentos humanos que
desabrocham numa história trágica entre Deus e seu povo. Sim! Tristezas e
frustrações fazem parte da vida pessoal do profeta. Mas também é verdade que
renovadas esperanças estão implícitas na mensagem dramática desse profeta. Como
marido, ele esperava a reconciliação plena com sua esposa Gomer. Tal retrato
reflete o amor, a beleza e a intimidade que o verdadeiro casamento pode
proporcionar. No caso de Israel, o Altíssimo almeja que a nação deixe o caminho
do adultério espiritual e retorne ao amor inefável do esposo que, acima de
tudo, a ama.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave: Matrimônio: União voluntária entre um homem e
uma mulher.
A
mensagem de Oseias começa a partir de sua vida pessoal. O seu casamento com
Gomer e o difícil relacionamento familiar ocupam os três primeiros capítulos do
livro que leva o seu nome. Deus tinha uma mensagem para o povo, pois a esposa e
os filhos de Oseias, assim como o abandono e a prostituição dela, e o seu sofrimento
e perdão, são sinais e profecias sobre Israel e Judá ao longo dos séculos.
I. O LIVRO DE
OSEIAS
1.
Contexto histórico. O
ministério de Oseias deu-se no período da supremacia política e militar da
Assíria. Ele profetizou em Samaria, capital do Reino do Norte, durante os “dias
de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de
Joás, rei de Israel” (1.1). A soma desses anos deve ser reduzida
significativamente porque Jotão foi corregente com seu pai, Uzias, e da mesma forma
Ezequias reinou com Acabe, seu pai (2 Rs 15.5; 18.1,2,9,10,13).
Esses dados fornecidos pelo profeta nos permitem datar o
seu ministério entre 793-753 a.C. Jeroboão II, reinou 41 anos num período de
prosperidade econômica, mas também de apostasia generalizada (2 Rs 14.23-29).
2. Estrutura. A
revelação foi entregue ao profeta pela palavra “dita a Oseias” (1.1a). A
segunda declaração: “O princípio da palavra do Senhor por Oseias” (1.2a),
reitera a forma de comunicação do versículo anterior. Também esclarece que a
ordem para Oseias se casar com “uma mulher de prostituições” aconteceu no
começo do seu ministério, como fica claro na ARA e na TB (1.2b).
O livro pode ser dividido em duas partes principais. A
primeira é uma biografia profética escrita em prosa que descreve a crise do
relacionamento de Oseias com sua esposa infiel, ao mesmo tempo que compara essa
crise conjugal com a infidelidade e a apostasia do seu povo (1-3). A segunda
parte é escrita em forma poética e se constitui de profecias proferidas durante
um longo intervalo de tempo (4-14).
3. Mensagem. O
assunto do livro é a apostasia de Israel e o grande amor de Deus revelado, que
compreende advertência, juízo divino e promessas de restauração futura
(8.11-14; 11.1-9; 14.4-9). Mesmo num contexto de decadência moral, o oráculo
descreve o amor de Deus de maneira bela e surpreendente (2.14-16; 6.1-4;
11.1-4; 14.4-8). Seus oráculos são cheios de metáforas e símbolos dirigidos aos
contemporâneos. Sua mensagem denuncia o pecado do povo e a corrupção das
instituições sociais, políticas e religiosas das dez tribos do norte (5.1).
Oseias é citado no Novo Testamento (1.10; 2.23 cp. Rm 9.25,26; 6.6 cp. Mt 9.13;
12.7; 11.1 cp. Mt 2.15).
II. O
MATRIMÔNIO
1. Etimologia. Os termos “casamento” e “matrimônio”
são equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos, que indica também
“bodas” (Jo 2.1,2) e “leito” conjugal (Hb 13.4). Trata-se de uma instituição
estabelecida pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se
unem em relação legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn
2.20-24; Mt 19.5,6). É no casamento que acontece o processo legítimo de
procriação (Gn 1.27,28), gerando a oportunidade para a felicidade humana e o
companheirismo.
2.
Simbolismo. A intimidade, o
amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele
o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2;
Ef 5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o Antigo Testamento.
3.
A ordem divina para o casamento de Oseias. Considerando a santidade do casamento
confirmada em toda a Bíblia, a ordem divina parece contradizer tudo o que as
Escrituras falam sobre o matrimônio. Temos dificuldade em aceitá-la, mas
qualquer interpretação contra o caráter literal do texto é forçada. Quando
Jeová deu a ordem, acrescentou: “porque a terra se prostituiu, desviando-se do
SENHOR” (1.2b). Isso era literal. A infidelidade a Deus é em si mesma um
adultério espiritual (Jr 3.1,2; Tg 4.4), ainda mais quando se trata do culto a
Baal, que envolvia a chamada prostituição sagrada (4.13,14; Jz 8.33).
III. A
LINGUAGEM DA RECONCILIAÇÃO
1.
O casamento restaurado. O
amor é o tema central de Oseias. Com ele, Israel será atraído por Jeová (11.4;
Jr 31.3). O deserto foi o lugar do julgamento (2.3) e nele Israel achou graça,
tal qual a noiva perante o noivo (Êx 5.1; Jr 2.2). A expressão “e lhe falarei
ao coração” (2.14) é a linguagem de um esposo falando amorosamente à esposa
(4.13,14; Gn 34.3; Jz 19.3). Nós fomos atraídos e alvejados pelo amor de Deus
(Rm 5.6-8).
2. O vale de Acor e a porta de esperança. Há aqui uma menção do monumento
erguido no vale de Acor, onde Acã pagou pelos seus crimes e foi executado com
toda a sua casa (Js 7.2-26). A promessa é que esse vale não será mais lembrado
como lugar de castigo. Será transformado em lugar de restauração (Is 65.10),
cujas vinhas serão dadas “por porta de esperança” (2.15).
3. A reconciliação. A sentença de divórcio (2.2) será
anulada: “desposar-te-ei comigo para sempre” (2.19). O baalismo generalizado
(2.13) virá a ser transformado em conversão nacional e genuína. Todo o povo
servirá a Jeová em fidelidade, e cada um voltará a ter conhecimento do Deus
verdadeiro (2.20).
IV. O BANIMENTO
DA IDOLATRIA EM ISRAEL
1.
Meu marido, e não meu Baal. A
fórmula “naquele dia” (2.6,18,21) é escatológica (Jl 3.18). As expressões “meu
marido” e “meu Baal”, em hebraico ishi e baali,
são um jogo de palavras muito significativo.
a) Significados. A
palavra ish significa “homem, marido” (Gn 2.24;
3.6); e baal, ou baalim, no plural, quer dizer
“dono, marido” (Êx 21.29; 2 Sm 11.26). O termo também é aplicado
metaforicamente a Deus, como marido: “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is
54.5). A palavra “baal”, como “dono, proprietário”, aparece 84 vezes no Antigo
Testamento, sendo 15 delas como esposo de uma mulher, portanto “marido”.
b) Divindade dos cananeus. Como nome da divindade nacional dos
fenícios com a qual Israel e Judá estavam envolvidos naquela época, aparece 58
vezes, sendo 18 delas no plural. Essa palavra se corrompeu por causa da
idolatria e por isso Jeová não será mais chamado de “meu Baal”, mas de “meu
marido” (2.16).
2. O fim do baalismo. Os ídolos desaparecerão da terra (Jr
10.11). Isso inclui os baalins, cuja memória será execrada para sempre, uma vez
que a palavra profética anuncia o fim definitivo do baalismo: “os seus nomes
não virão mais em memória” (2.17). Apesar de a promessa divina ser escatológica,
esses deuses são hoje repulsa nacional em Israel.
CONCLUSÃO
O
emprego das coisas do dia a dia como ilustração facilita a compreensão da
mensagem divina, e a Bíblia está repleta desses recursos literários. O
casamento é o símbolo perfeito para compreendermos o relacionamento de Deus com
o seu povo, e do Senhor Jesus Cristo com o cristão.
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