MIQUÉIAS: A importância da obediência
VERDADE PRÁTICA
A mensagem de Miqueias leva-nos a pensar
seriamente acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo.
INTERAÇÃO
Cumpriam a liturgia, mas não amavam verdadeiramente a
Deus nem ao próximo. Que nunca venhamos a nos esquecer que Deus não está
preocupado com nossas cerimônias religiosas, mas o que Ele espera é que seu
povo o “adore em espírito e em verdade”, que o ame acima de todas as coisas e
ao próximo, pois toda a lei se resume nessa verdade (Mc 12.29-31).
INTRODUÇÃO
Palavra
Chave - Obediência: O
ato ou efeito de obedecer.
O problema do povo a quem Miqueias dirigiu a sua mensagem
não era falta de liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao
Senhor. Embora cometesse toda a sorte de injustiças sociais, a geração
contemporânea do profeta Miqueias oferecia sacrifícios a Deus, praticando todos
os rituais levíticos, mas não sabia o verdadeiro significado do amor a Deus e
ao próximo.
I. O LIVRO DE
MIQUEIAS
1.
Contexto histórico. Miqueias
era de Moresete-Cate (1.1,14; Jr 26.18), cidade localizada a 32 quilômetros a
sudeste de Jerusalém. Miqueias, assim como os demais profetas de Judá, não cita
reis do Reino do Norte na introdução de seus oráculos. Seu ministério, porém,
aconteceu no período dos reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”
(1.1). Essas datas estão entre 750 e 686 a.C, mas a soma desses anos deve ser
reduzida significativamente por causa das corregências.
O profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miqueias foi
entregue no reinado de Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e
os primeiros de Ezequias, Miqueias deve ter profetizado entre 735 a.C. e 710
a.C.
2. Estrutura e mensagem. Trata-se de uma coleção de breves
oráculos agrupados em sete capítulos divididos em três partes principais (1,2;
3-5; 6,7). Cada uma das partes marca o imperativo: “Ouvi” (1.2; 3.1; 6.1), que
é fraseologia similar a de Isaías (4.1-5; Is 2.2-4).
O assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de
Samaria e de Jerusalém. Miqueias dirigiu seu discurso contra a idolatria,
censurou com veemência a opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça
nacional (1.5; 2.1,2; 3.9-11). Além disso, anunciou, de antemão, o local do
nascimento do Messias, em Belém (5.2 cp. Mt 2.1,4-6). O profeta chegou a ser
citado pelo Senhor Jesus (7.6 cp. Mt 10.35,36).
II. A
OBEDIÊNCIA A DEUS
1.
O conceito bíblico de obediência. O
verbo hebraico shemá:
“ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer”, não significa apenas receber uma
comunicação ou informação. O seu real sentido é mais forte e imperioso:
obedecer é acatar ordens de autoridade religiosa, civil ou familiar. O referido
verbo é empregado no Antigo Testamento para “obedecer” em 1 Samuel 15.22 e
Jeremias 42.6. É usado, também, em seis das nove vezes em que shemá aparece em Miqueias (1.2; 3.1,9;
6.1,2,9).
A mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15;
13.43). Por conseguinte, a obediência deve ser precedida pela compreensão e
pelo amoroso acatamento da mensagem divina (Mt 7.24,26). Nesse sentido, ela
pode ser definida como a prova suprema da fé e do nosso amor a Deus.
2. A desobediência das nações. O Senhor não é uma divindade tribal,
que habita em quatro paredes. Ele é o Deus de toda a terra e o Soberano de todo
o Universo. Justamente por isso, Ele apresenta-se como juiz e testemunha não
apenas contra seu povo, Israel e Judá (1.2,5), mas também contra todas as
nações da terra (1.2).
3. A ira de Deus sobre o pecado (1.3-5). O profeta descreve de forma pitoresca
a reação divina contra o seu povo. Numa linguagem antropomórfica, o Senhor
desce de seu santo templo, o céu, para julgar Samaria, capital de Israel e, da
mesma forma, Jerusalém, capital de Judá, cujo pecado influencia todo o país. O
quadro da sua majestosa e terrível presença lembra a ação dos terremotos e dos
vulcões (Jz 5.4; Sl 18.7-10; Is 64.1-3; Hc 3.6,7).
III. O
RITUAL RELIGIOSO
1.
O rito levítico. Basicamente,
o rito é um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de
simbolizar o fenômeno da fé. O termo vem do latim ritus, que significa “cerimônia
religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo, modo”. O Antigo Testamento usa
a palavra para os sacrifícios (Lv 9.16; Ed 6.9) e para as festividades
religiosas (Ne 8.18), tais como a Páscoa (Nm 9.14; 2 Cr 35.13) e a Festa dos
Tabernáculos (Ed 3.4). A própria circuncisão é também um ritual (At 15.1).
Contudo, em se tratando do Cristianismo, a liturgia é simples, contendo apenas
dois rituais: o batismo e a ceia do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30). Esses
cerimonialismos, contudo, não substituem o relacionamento sincero com Deus, nem
proporcionam salvação (1 Sm 15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17; 1 Co 1.14-17;
11.28,29).
2. O diálogo de Deus com o povo (6.6). O Senhor, através do profeta, convida
o seu povo para uma controvérsia. O que Deus fez de mal para Israel rejeitá-lo?
(6.1-3). Em seguida, o Eterno traz à memória da nação os seus benefícios desde
o princípio, quando remiu a Israel do Egito e protegeu seu povo no deserto
contra os inimigos (6.4,5). Em uma pergunta retórica, o próprio Deus antecipa a
resposta da nação. A lei estabelecia sacrifícios de animais como provisão pelo
pecado (Lv 9.3) e o azeite para certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15;
7.12). O problema de Judá não era a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma
verdadeira conversão a Deus.
3. Sacrifício humano (6.7). Oferecer o primogênito pela
transgressão e o fruto do ventre pelo pecado era sinal de completo desatino do
povo. A lei de Moisés condena tal prática sob pena de morte (Lv 18.21; 20.2-5)
e em todo o Israel era repulsa nacional (2 Rs 3.27). Esse tipo de sacrifício só
foi praticado por aqueles que, em todo Israel e Judá, apostataram-se da fé (2
Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos a oferecer até mesmo o
que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero arrependimento e
mudança de vida.
IV. O GRANDE
MANDAMENTO
1.
A vontade de Deus. O estilo
de vida que agrada a Deus foi comunicado ao povo desde Moisés. Portanto, toda a
nação tinha o dever de conhecê-lo (Dt 10.12,13). Daí o porquê da indagação do
profeta (6.8). Mas ninguém estava interessado nisso. O povo preferia tirar
proveito da prática das injustiças sociais, esperando que o mero ritual do
sacrifício fosse suficiente para autojusticar-se diante de Deus. Estavam
enganados, pois Deus não se deleita em sacrifícios nem em rituais exteriores
(Sl 51.17,18).
2. O sumário de toda a lei (6.8b). Os três preceitos — praticar a
justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus — são considerados
pela tradição judaica, desde o século 1 a.C, o resumo dos 613 preceitos
depreendidos da lei de Moisés. Essa é vista por muitos como a maior declaração
do Antigo Testamento. Os dois primeiros preceitos falam do compromisso
horizontal com o nosso próximo; e o terceiro, de compromisso vertical com Deus.
Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a
Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).
CONCLUSÃO
A lição para todos nós é esta: O que importa para Deus não
é o que fazemos na Igreja, mas a nossa vivência com a família, o que fazemos no
trabalho e como relacionamo-nos com a sociedade. Sem o verdadeiro
arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as práticas religiosas
não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de valor espiritual.
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