SOFONIAS: O juízo vindouro
VERDADE PRÁTICA
No
juízo vindouro, Deus há de julgar todos os moradores da terra, de acordo com as
obras de cada um.
INTERAÇÃO
Se Deus é bom, por que Ele castigará algumas pessoas
eternamente? Esta é a indagação de muitos. Nas Escrituras, Deus é descrito como
o justo juiz. No Antigo Testamento Ele pronunciou juízos contra Israel e outras
nações. Em o Novo Testamento o Altíssimo julgou Ananias e Safira (At 5.1-11). E
no fim dessa era o Eterno, através de seu Filho, julgará todos os homens da
terra, de acordo com as obras de cada um. Esses fatos demonstram um Deus que
ama o bem e odeia o mal. Isso mesmo! A justiça de Deus é uma resposta
retumbante contra o mal criado pelo Diabo e praticado pelos homens. O Dia do
Senhor vem!
INTRODUÇÃO
Palavra Chave -
Juízo: Ato,
processo ou efeito de julgar; julgamento.
Nesta
lição, estudaremos o oráculo de Sofonias. Ele se destaca pela intrepidez do
juízo divino contra Judá e os gentios. O profeta anuncia o julgamento universal
descrito como a reação de Deus aos pecados cometidos pelos moradores de toda a
terra. Sofonias, porém, aborda o julgamento divino numa perspectiva
escatológica de restauração.
1. O LIVRO DE
SOFONIAS
1.
Contexto histórico. Sofonias
exerceu o seu ministério “nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá”
(v.1). Josias reinou entre 640 e 609 a.C. A reforma religiosa do rei de Judá
aconteceu em 621 a.C, “no ano décimo oitavo” do seu reinado (2 Rs 22.3). Quando
ocorreu a reforma, Jeremias exercia o ofício de profeta há cinco anos. O seu
chamado deu-se “no décimo terceiro ano do [...] reinado” de Josias (Jr 1.2).
Esse período corresponde a 627 a.C. É possível que, na reforma, o rei fora
encorajado por esses profetas. Evidências internas apontam para um tempo de
pré-reforma em Judá, denunciando os desmandos dos reis Manassés e Amom (2 Rs
21.16-24).
2. Genealogia. É
comum a menção do nome paterno nos livros dos profetas. Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Oseias, Joel e Jonas, trazem essa informação. Sofonias, porém,
descreve a sua genealogia: “Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho
de Amarias, filho de Ezequias” (v.1). A citação do nome do pai estabelecia o
direito tanto à herança quanto à posição social ou aquisição de poder. A
ausência de paternidade demonstra que tal profeta não adveio de família
tradicional. Sofonias era trineto de Ezequias, que também fora rei de Judá.
Isso lhe garantia livre acesso no governo real, bem como noutros segmentos da
sociedade.
3. Estrutura e mensagem. Os meios de comunicação dos oráculos
divinos aos profetas eram a palavra e a visão.
Os porta-vozes do Eterno deixam isso claro no prólogo de seus livros (v.1a). O
estilo poético predomina em todo o livro de Sofonias. O oráculo está organizado
em três partes principais: a primeira anuncia o juízo contra as nações da
terra, incluindo Judá (1.1-2.3). A segunda especifica os povos nesse julgamento
global — Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria (2.4-15). E a terceira parte
trata do castigo de Jerusalém e da restauração dos remanescentes fiéis
(3.1-20). O tema do “Dia do Senhor” ocupa todo o oráculo divino.
II. O JUÍZO VINDOURO
1. Toda a face da terra
será consumida (v.2). Após o dilúvio, Deus prometeu não mais destruir
a terra com água (Gn 9.11-16). Desde então, a palavra profética anunciou o
juízo vindouro pela destruição através do fogo (1.18; 3.8; Jl 2.3; 2 Pe 3.7; Ap
16.8). A declaração “inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra” (v.2)
refere-se à tragédia global referida em 3.6-8. Note que a expressão “face da
terra” é igualmente usada no anúncio da tragédia do dilúvio (Gn 6.7; 7.4).
2. A
linguagem de Sofonias. A hipérbole é uma figura de linguagem que consiste em dar à sua
significação uma ênfase exagerada. Ela, porém, aparece na Bíblia e, por isso,
alguns expositores veterotestamentários defendem o uso de uma linguagem
hiperbólica para o livro de Sofonias. Eles consideram forte demais a descrição
do aniquilamento natural de aves, peixes, animais, seres humanos, nações e cidades
(1.3; 3.6).
3.
Descrição detalhada. É
verdade que na Bíblia há o emprego de hipérbole (Mt 11.23; Jo 12.19, etc). Mas
não é o caso, aqui, em Sofonias! A descrição “os homens e os animais,
consumirei as aves do céu, e os peixes do mar” (v.3) representa o reverso da
criação registrada em Gênesis (1.20-26). Ela corresponde à destruição universal
e literal da criação (Ap 16.1-21). O dilúvio, por exemplo, foi literal e
global, mas a família cie Noé foi salva (1 Pe 3.20), assim como os filhos de
Israel foram poupados das pragas do Egito (Êx 9.4; 10.23; Nm 3.13).
III.
OBJETIVO DO LIVRO
1.
Sincretismo dos sacerdotes. A
expressão “quemarins com os sacerdotes” (v.4) aponta para o sincretismo da
religião de Israel com o paganismo. “Quemarins” é o plural do hebraico komer usado para “sacerdote pagão” e aparece
apenas três vezes no Antigo Testamento (2 Rs 23.5; Os 10.5). Apesar da origem
levítica, os sacerdotes estavam envolvidos no sincretismo religioso pagão.
2. Sincretismo do povo. Sabeísmo é a prática pagã dos sabeus;
o povo da rainha de Sabá. Seu culto resumia-se na prática de adivinhação e na
astrologia. Judá envolveu-se nesse tipo de paganismo (2 Rs 23.5; Jr 8.2;
19.13). Malcã ou Milcom (ARA e TB), ou ainda Moloque (NVI), era o deus nacional
dos amonitas (1 Rs 11.5-7). Sofonias denunciou o povo por adorar a Jeová numa
cerimônia comum com essa asquerosa divindade (v.5). Isso exemplifica a
realidade do ritual sincrético no meio do povo escolhido.
3. O modismo do povo e a violência dos príncipes. Não havia nada de errado em alguém
vestir a roupa do estrangeiro. O problema da “vestidura estranha” (v.8) era o
compromisso religioso de tal indumentária com o paganismo (2 Rs 10.22). Os
príncipes de Judá, provavelmente filhos de Manassés ou Amom (pois Josias era
bem novo para ter filhos nessa idade), serão duramente castigados por causa da
violência e do engano (v.9). O objetivo do castigo divino é exterminar o
baalismo, o sincretismo, as práticas divinatórias e as injustiças sociais.
IV. “O
DIA DO SENHOR”
1.
Significado bíblico. O
termo hebraico para “dia” é yom, que pode ser “dia” no sentido
literal (Jó 3.3) ou período de tempo (Gn 2.4). Assim, “o dia do SENHOR” (v.7)
ou as fraseologias similares “dia da ira do SENHOR” (2.2,3) e “naquele dia”
(1.10), indicam o período reservado por Deus para o acerto de contas com todos
os moradores da terra (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1). Esse período também é
chamado de Grande Tribulação (Ap 7.14). O julgamento de Judá e das nações
vizinhas é o prenúncio do juízo vindouro.
2. O sacrifício
e seus convidados. A
profecia afirma que Jeová “preparou o sacrifício e santificou os seus
convidados” (v.7). Aqui, essa sentença é chamada de “sacrifício”, uma metáfora
usada pelos profetas para indicar o juízo (Is 34.6; Jr 46.10; Ez 39.17-20). O verbo
hebraico para “santificar” é qadash, cuja ideia básica consiste em
“separar, retirar do uso comum” (Lv 10.10). Assim, os babilônios foram
separados por Deus para a execução da ira divina sobre o povo de Judá (v.10).
CONCLUSÃO
O juízo vindouro não é assunto
descartável. Os profetas trataram dele, bem como o Senhor Jesus Cristo e seus
apóstolos. Fica aqui um alerta para os promotores da teologia da prosperidade
(Fp 3.19-21). Infelizmente, entre muitos cristãos, os assuntos escatológicos
são motivos de chacotas e risos. No entanto, Deus não se deixa escarnecer. O
seu juízo é certo e verdadeiro e virá sobre todos os que praticam a iniquidade.
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