SÉRIE PROFETAS MENORES - AMÓS
AMÓS: A justiça
social como parte da adoração
VERDADE PRÁTICA
Justiça
e retidão são elementos necessários e imprescindíveis à verdadeira adoração a
Deus.
INTERAÇÃO
O
nome Amós quer dizer “fardo” e Tecoa significa “soar o chifre do carneiro”.
Estas significações denotam a mensagem de destruição ecoada no Reino do Norte.
O profeta não exitara em denunciar a corrupção do sistema político, jurídico,
social e religioso de Israel. Amós ainda teve de enfrentar uma franca oposição
religiosa do sacerdote Amazias. Este era alinhado à política de Jeroboão II. Em
Amós aprendemos o quanto pode ser nefasta a mistura da política com a religião.
Ali, tínhamos um sacerdote, “representante de Deus” dizendo sim para tudo o que
o rei fazia. Mas lá, o profeta “boieiro” dizia não! Era o Soberano dizendo
“não” para aquela espúria relação de poder.
POLÍTICA E JUSTIÇA SOCIAL EM AMÓS
POLÍTICA
Queremos dizer sobre política “o conjunto de práticas relativo a uma
sociedade”. Pois as relações humanas numa sociedade são estabelecidas de acordo
com decisões políticas tomadas por representantes dela (Am 7.10-14).
JUSTIÇA
SOCIAL é o conjunto de ações sociais, destinado a suprimir as injustiças de
todos os níveis, reduzindo a desigualdade e a pobreza, erradicando o
analfabetismo e o desemprego, etc (Am 8.4-8).
INTRODUÇÃO
Palavra Chave -
Adoração: Rendição
a Deus em todas as esferas da vida.
O
livro de Amós permanece atual e abrange diversos aspectos da vida social,
política e religiosa do povo de Deus. O profeta combateu a idolatria, denunciou
as injustiças sociais, condenou a violência, profetizou o castigo para os
pecadores contumazes e também falou sobre o futuro glorioso de Israel. Amós é
conhecido como o livro da justiça de Deus e mostra aos religiosos a necessidade
de se incluir na adoração dois elementos importantes e há muito esquecidos:
justiça e retidão.
I. O LIVRO DE
AMÓS
1.
Contexto histórico. Amós era
originário de Tecoa, aldeia situada a 17 quilômetros ao sul de Jerusalém e
exerceu o seu ministério durante os reinados de Uzias, rei de Judá, e de
Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (1.1; 7.10). Foi, de acordo com a
tradição judaico-cristã, contemporâneo de Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias, no
período assírio.
2. Vida pessoal. Apesar
de ser apenas um camponês de Judá, “boieiro e cultivador de sicômoros” (7.14) e
de não fazer parte da escola dos profetas, foi enviado por Deus a profetizar em
Betel, centro religioso do Reino do Norte (4.4). Ali, Amós enfrentou forte
oposição do sacerdote Amazias, alinhado politicamente ao rei Jeroboão II
(7.10-16).
Todo o sistema político, religioso, social e jurídico do
Reino de Israel estava contaminado. Foi esse o quadro que Amós encontrou nas
dez tribos do Norte. O profeta tornou pública a indignação de Jeová contra os
abusos dos ricos, que esmagavam os pobres. Ele levantou-se também contra as
injustiças sociais e contra toda a sorte de desonestidade que pervertia o
direito das viúvas, dos órfãos e dos necessitados (2.6-8; 5.10-12; 8.4-6). No
cardápio da iniquidade, estavam incluídos ainda o luxo extravagante, a
prostituição e a idolatria (2.7; 5.12; 6.1-3).
3. Estrutura e mensagem. O livro se divide em duas partes
principais. A primeira consiste nos oráculos que vieram pela palavra (1-6) e a
segunda, nas visões (7-9). O discurso de Amós é um ataque direto às
instituições de Israel, confrontando os males que assolavam os fundamentos
sociais, morais e espirituais da nação.
O assunto do livro é a justiça de Deus. O discurso
fundamenta-se em denúncias e ameaças de castigo, terminando com a restauração
futura de Israel (9.11-15). Ele é citado em o Novo Testamento (Am 5.25,26 cp.
At 7.42,43; 9.11,12 cp. At 15.16-18).
II. POLÍTICA E
JUSTIÇA SOCIAL
1.
Mau governo. Infelizmente,
alguns líderes, como Saul e Jeroboão I, filho de Nebate, causaram a ruína do
povo escolhido (1 Cr 10.13,14; 1 Rs 13.33,34). Amós encontrou um desses maus
políticos no Reino do Norte (7.10-14). Oseias, seu colega de ministério, também
denunciou esses males com tenacidade e veemência (Os 5.1; 7.5-7).
2. A justiça social. É nossa responsabilidade pessoal lutar
por uma sociedade mais justa. Tal senso de justiça expressa o pensamento da lei
e dos profetas e é parte do grande mandamento da fé cristã (Mt 22.35-40). Amós
foi o único profeta do Reino do Norte a bradar energicamente contra as
injustiças sociais, ao passo que, em Judá, mensagem de igual teor aparece por
intermédio de Isaías, Miqueias e Sofonias.
3. O pecado. A
expressão: “Por três transgressões de Israel e por quatro, não retirarei o
castigo” (2.6) refere-se não à numeração matemática, mas é máxima comum na
literatura semítica (veja fraseologia similar em Jó 5.19; 33.29; Ec 11.2; Mq
5.5,6). Nesse texto, significa que a medida da iniquidade está cheia e não há
como suspender a ira divina
III. INJUSTIÇAS
SOCIAIS
1.
Decadência social (2.6). Amós
condena o preconceito e a indiferença dos mais abastados no trato aos carentes
do povo, que vêem seus direitos serem violados (2.7; 4.1; 5.11; 8.4,6). Vender
os próprios irmãos pobres por um par de sandálias é algo chocante. Tal ato, que
atenta contra a dignidade humana, demonstra a situação de desprezo dos
poderosos em relação aos menos favorecidos. Uma vez que as autoridades e os
poderosos aceitavam subornos para torcer a justiça contra os pobres, o profeta
denuncia esse pecado mais de uma vez (8.4-6).
1. Decadência
moral. A prostituição cultual
era outra prática chocante de Israel e mostra a decadência moral e espiritual
da nação: “Um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o
meu santo nome” (2.7 — ARA). O pior é que tal prostituição era financiada com o
dinheiro sujo da opressão que os maiorais infligiam ao povo (2.7,8).
Decadência
religiosa. O profeta denuncia
a violação da lei do penhor que ninguém mais respeitava (Êx 22.26,27; Dt
24.6,17). A acusação não se restringe à crueldade e à apropriação indébita, mas
também a prática do culto pagão, visto que a expressão “qualquer altar” (2.8)
não pode ser no templo de Jeová, e sim no de um ídolo. Amós encerra a denúncia
a essa série de pecados, condenando a idolatria, a cobrança indevida de taxas e
a malversação dos impostos no culto pagão e nos banquetes em honra aos deuses.
IV. A
VERDADEIRA ADORAÇÃO
1. Adoração sem conversão. A despeito de sua baixa condição moral
e espiritual, o povo continuava a oferecer o seu culto a Jeová sem refletir e
com as mãos sujas de injustiças. Comportando-se assim, tanto Israel como Judá, reproduziam
o pensamento pagão, segundo o qual sacrifícios e libações são suficientes para
aplacar a irados deuses. Entretanto, Deus declara não ter prazer algum nas
festas religiosas que os israelitas promoviam (5.21; Jr 6.20).
2. O significado dos sacrifícios. Expressar a consagração do ofertante a
Deus era uma das marcas dos sacrifícios. E Amós menciona dois: “ofertas de
manjares” e “ofertas pacíficas” (5.22). As ofertas de manjares não eram
sacrifícios de animais. Tratava-se de algo diferente, que incluía flor de
farinha, pães asmos e espigas tostadas, representando a consagração dos frutos
dos labores humanos a Deus (Lv 2.14-16). Já as ofertas pacíficas eram
completamente voluntárias e tinham uma marca distintiva, pois o próprio
ofertante podia comer parte do animal sacrificado (Lv 7.11-21).
3. Os cânticos. Os
cânticos faziam parte das assembleias solenes (5.23). No entanto, eles perdem o
valor espiritual quando não há arrependimento sincero. A verdadeira adoração,
porém, não consiste em rituais externos ou em cerimônias formais. O genuíno
sacrifício para Deus é o espírito quebrantado e o coração contrito (Sl 51.17).
Há um número muito grande e variado de palavras hebraicas e gregas para
descrever a adoração e o ato de adorar. Contudo, a ideia principal de todas é
de devoção reverente, serviço sagrado e honra a Deus, tanto de maneira pública
como individual. Em suma, Deus exige de seu povo verdadeira adoração.
CONCLUSÃO
A
adoração ao verdadeiro Deus, nas suas várias formas, requer santidade e coração
puro. Trata-se de uma comunhão vertical com Deus, e horizontal, com o próximo
(Mc 12.28-33). Essa mensagem alerta-nos sobre o dever cristão de não nos
esquecermos dos pobres e necessitados e também sobre a responsabilidade de
combatermos as injustiças, como fizeram Amós e os demais profetas.
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