SÉRIE PROFETAS MENORES - JOEL
JOEL: O derramamento do Espírito Santo
VERDADE PRÁTICA
O
Espírito Santo não veio ao mundo cumprir uma missão temporária, mas guiar a
Igreja até a vinda do Senhor.
INTERAÇÃO
Quando
o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja, em Jerusalém, muitas pessoas
ficaram atônitas com o fenômeno, pois viram gente simples falando línguas
totalmente desconhecidas deles. Outros, no entanto, zombavam, afirmando que
essas pessoas estavam “cheias de mosto” ou “embriagadas”. Nessa ocasião, o
apóstolo Pedro se levantou, junto dos demais apóstolos (At 2.14) e expôs
sistematicamente os pontos centrais da revelação de Deus através de Jesus
Cristo. Ele evocou a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito
Santo (At 2.15-21), e conclamou-os: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos
os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.38,39).
INTRODUÇÃO
Palavra Chave -
Derramamento: ato
ou efeito de derramar; derramação.
O
Movimento Pentecostal, no início do século 20, colocou o livro de Joel em
evidência, fazendo com que ele fosse conhecido como o “profeta pentecostal”.
Apesar disso, o anúncio da descida do Espírito Santo não é o tema predominante
de seus oráculos. A maior parte de suas profecias fala da praga da locusta e do
julgamento das nações no fim dos tempos.
I. O LIVRO DE
JOEL NO CÂNON SAGRADO
1.
Contexto histórico. Pouco ou
quase nada se conhece sobre Joel e a sua época. As escassas informações
baseiam-se em alguns lampejos extraídos de seu livro. Era profeta de Judá e seu
pai se chamava Petuel (1.1). Isso é tudo o que sabemos de sua vida pessoal.
Nenhum rei é mencionado em seu livro, dificultando a contextualização
histórica. Ele é anterior a todos os profetas literários, pois tem-se como
certo que escreveu suas profecias em 835 a.C. Trata-se da época em que Judá
estava sob a regência de Joiada durante a infância de Joás (2 Cr 23.16-21).
Isso explica a influência e a presença significativa dos sacerdotes no governo
de Judá (Jl 1.9,13; 2.17). O templo estava em pleno funcionamento (Jl
1.9,13,14).
2. Posição de Joel no Cânon Sagrado. A ordem dos Profetas Menores em nossas
versões da Bíblia é a mesma do Cânon Judaico e da Vulgata Latina, mas não é
cronológica. Joel é o segundo livro, situado entre Oseias e Amós, mas na
Septuaginta há uma diferença na ordem dos primeiros seis livros: Oseias, Amós,
Miqueias, Joel, Obadias, Jonas.
3. Estrutura e mensagem. O oráculo foi entregue ao profeta por
meio da palavra (1.1). São três capítulos, mas a sua divisão na Bíblia Hebraica
é diferente: lá temos quatro capítulos, pois o trecho 2.28-32 equivale ao
capítulo três, com cinco versículos, e o conteúdo do capítulo quatro é
exatamente o mesmo do nosso capítulo três. São dois os temas principais: a
praga da locusta (1.1-2.27) e os eventos do fim dos tempos (2.28-3.21). O
assunto do livro é escatológico, com ameaças e promessas.
II. A PESSOA DO
ESPÍRITO SANTO
1.
Sua personalidade. O Espírito
está presente em toda a Bíblia, que o mostra claramente como uma pessoa e não
como uma mera influência. Ele é inteligente (Rm 8.27), tem emoções (Ef 4.30) e
vontade (At 16.6-11; 1 Co 12.11). Há abundantes provas bíblicas de sua
personalidade.
2. Sua divindade. O
Espírito Santo é chamado textualmente de “Deus de Israel” (2 Sm 23.2,3). Ele é
igual ao Pai e ao Filho em poder, glória e majestade. Na declaração batismal, somos
batizados também em seu nome (Mt 28.19; Ef 4.4-6). Isso significa que o
Espírito Santo é objeto da nossa fé e da nossa adoração. Ele é tudo o que Deus
é (1 Co 2.10,11).
3. Como uma pessoa pode ser derramada? Esta é uma das perguntas que alguns
grupos religiosos fazem frequentemente com a finalidade de “provar” que o
Espírito Santo não é Deus nem uma pessoa. Aqui, por duas vezes a palavra
profética afirma “derramarei o meu Espírito” (2.28,29), o que é ratificado em o
Novo Testamento (At 2.17,18). Ao longo da história, a divindade do Espírito
Santo sempre encontrou oposição. Após o Concílio de Niceia, surgiram os pneumatomachoi(“opositores do
Espírito”) que, liderados por Eustáquio de Sebaste (300-380), não aceitavam a
divindade do Espírito Santo.
4. Linguagem metafórica. O “derramamento” do Espírito Santo é a
expressão que a Bíblia usa para descrever o revestimento de alguém com o poder
do mesmo Espírito. Trata-se de uma metáfora, figura que “consiste na
transferência de um termo para uma esfera de significação que não é a sua, em
virtude de uma comparação implícita” (Gramática Rocha Lima).
Simbolizado pela água, o Espírito Santo lava, purifica e
refrigera como reflexo de suas múltiplas operações (Is 44.3; Jo 7.37-39; Tt
3.5).
III. HORIZONTES
DA PROMESSA
1.
Ponto de partida. A profecia
do derramamento do Espírito Santo começou a ser cumprida no dia de Pentecostes,
que marcou a inauguração da Igreja (At 2.16). O apóstolo Pedro empregou
apropriadamente a expressão “nos últimos dias” (At 2.17) no lugar de “depois”
(Jl 2.28a).
Não faz sentido algum, por conseguinte, afirmar que a
efusão do Espírito Santo foi apenas para a Era Apostólica; antes, pelo
contrário, começou com os apóstolos e continua em nossos dias. Era o ponto de
partida, e não de chegada.
1.
Comunicação divina. Deus disponibilizou recursos
espirituais para manter a comunicação com o seu povo por meio de sonhos, visões
e profecias, independentemente de idade, sexo e posição social (2.28b,29).
Todavia, cabe-nos ressaltar que somente a Bíblia é a autoridade divina e
definitiva na terra. Quanto aos sonhos, visões e profecias, são-nos concedidos
para a edificação individual, e não podem ser usados para fundamentar
doutrinas. A Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e prática.
IV. O FIM DOS
TEMPOS
1.
Sinais. A profecia de Joel
fala ainda sobre aparição de sinais em cima no céu e embaixo na terra, de
sangue, fogo e colunas de fumaça, do sol convertendo-se em trevas e da lua
tornando-se sangue (2.30,31). São manifestações teofânicas de Jeová para revelar
a si mesmo e também para executar juízo sobre o pecado (Êx 19.18; Ap 8.7). Tudo
isso o apóstolo Pedro citou integralmente em sua pregação (At 2.19,20). É de se
notar que tais manifestações não foram vistas por ocasião do Pentecostes. A
explicação é que se trata do começo dos “últimos dias”.
2.
Etapas. O primeiro advento de
Cristo e o derramamento do Espírito Santo são eventos introdutórios dos
“últimos dias” (At 2.17). Os sinais cósmicos acompanhados de fogo, coluna de
fumaça etc., ausentes no dia de Pentecostes, dizem respeito à Grande
Tribulação, no epílogo da história, “antes que venha o grande e terrível dia do
Senhor” (Jl 2.31; At 2.20).
3.
Resultado. A vinda do
Espírito Santo, além de revestir os crentes em Jesus, resulta também em
salvação a todos os que desejam encontrar a vida eterna. O apóstolo Pedro
termina a citação de Joel com estas palavras: “Todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo” (At 2.21). O nome “SENHOR”, com letras maiúsculas, indica
na Bíblia Hebraica a presença do tetragrama YHWH (as quatro consoantes do nome
divino “Yahweh, Javé, Yehovah, Jeová”). O apóstolo Paulo citou essa passagem
referindo-se a Jesus, e afirmando que o Meigo Nazareno é o mesmo grande Deus
Jeová de Israel (Rm 10.13).
CONCLUSÃO
O derramamento do Espírito Santo inaugura a dispensação da
Igreja, que, acompanhado de grandes sinais, faz do cristianismo uma religião sui generis. A Igreja continua
recebendo o poder do alto e prossegue anunciando a salvação a todos os povos.
Nisso, vemos a múltipla operação do Espírito Santo, revestindo de poder os
crentes em Jesus e convencendo o pecador de seus pecados (At 1.8; Jo 16.7-11).
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