NAUM: O limite da tolerância divina
VERDADE PRÁTICA
No
tempo estabelecido por Deus, cada nação, e cada indivíduo em particular,
passará pelo crivo da justiça divina.
INTERAÇÃO
Nínive havia provado da graça e da misericórdia do
Senhor. No tempo de Jonas, o povo ninivita arrependeu-se dos seus pecados e
prostrou-se perante o Eterno, confessando a sua ignomínia. Assim, o povo
recebeu de Deus o perdão dos seus pecados. Aquela nação foi salva do juízo
divino! Mas o tempo passou e depois de aproximadamente um século e meio, a nova
geração de Nínive esqueceu-se do passado de quebrantamento ao Senhor. Ela
voltou pecar contra Deus com requintes de crueldade, perversidade e
malignidade. Por isso o profeta Naum vocifera: “Ai da cidade ensanguentada! Ela
está toda cheia de mentiras e de rapina! Não se aparta dela o roubo”. Agora o
juízo divino sobre Nínive seria irreversível.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave- Tolerância: Ato ou efeito de tolerar,
indulgência, condescendência.
Quando Naum anunciou o seu oráculo contra Nínive, já fazia
um século e meio que Deus havia dispensado a sua misericórdia à grande,
poderosa e perversa cidade. No tempo de Jonas, o Senhor compadecera-se dos
ninivitas, poupando-os de iminente destruição. Infelizmente, o tempo passou e
eles vieram a se esquecer do perdão divino, voltando a pecar contra Deus. Por
isso, o profeta Naum proclama a ruína inevitável de Nínive. Agora, o juízo
divino é irreversível!
I. O LIVRO DE
NAUM
1.
Contexto histórico. Naum, à
semelhança de outros profetas menores, não possui biografia. Ele apresenta-se
apenas como o “elcosita”. O reinado no qual profetizou não é mencionado (v.1b).
As escassas informações de que dispomos ainda não são conclusivas. As opiniões
dos eruditos são divergentes. Elas variam entre o assédio de Jerusalém, em 701
a.C, por Senaqueribe, rei da Assíria (2 Rs 18.13) até as reformas religiosas
protagonizadas por Josias, rei de Judá, em 621 a.C. (cf. 2 Rs 22.1-23.37; 2 Cr
34.1-35.27).
a) Origem do profeta. Alguns estudiosos acreditam que
“elcosita” (v.1c) refere-se a uma cidade da Assíria, situada a 38 quilômetros
de Nínive, em Al-kush, ao norte do atual Mossul, Iraque. Tal informação é a
menos provável, visto que, desde a antiguidade, a cidade de Cafarnaum — na
Galileia, casa de Jesus (Mt 9.1; Mc 2.1), cujo nome significa “aldeia de Naum”
— é apontada como local de nascimento do profeta.
b) Período aceitável. Em 612 a.C. a cidade de Nínive foi
destruída. A profecia menciona também o desmoronamento de Nô-Amon como fato
comprovado historicamente (3.8-10). O rei assírio, Assurbanípal, destruiu a
cidade egípcia de Nô em 663 a.C. De acordo com essas informações, podemos
considerar 663 a 612 a.C. como um período histórico significativo para
situarmos o ministério profético de Naum.
c) Nínive (v.1). Nínive
era a antiga capital do império assírio. Suas ruínas estão localizadas ao norte
do Iraque. É uma das cidades pós-diluvianas fundada por Ninrode, descendente de
Cuxe (Gn 10.8-11), por volta de 4500 a.C. — tornando-se proeminente antes de
2000 a.C. O rei assírio, Senaqueribe (705 - 681 a.C), fortificou a cidade,
garantindo assim o apogeu da capital assíria.
O Senhor refere-se a ela como a “grande cidade” (Jn 1.2;
3.2). A crueldade do povo ninivita era indescritível e essa foi a fama que os
acompanhou durante toda a história.
2. Estrutura. O
“Livro da visão de Naum” (v.1b) consiste em três breves capítulos. O capítulo 1
divide-se em duas partes principais: a
primeira é um salmo de louvor
a Jeová (vv.2-8); a segunda,
num estilo poético, anuncia o castigo dos seus inimigos (vv.9-14), sendo que o
versículo 15 é parte do capítulo 2 na Bíblia Hebraica. O segundo capítulo
anuncia o assédio e a destruição de Nínive. E o terceiro o “boletim de
ocorrência” dos motivos de sua queda.
3. Mensagem. O
tema do livro é a “queda de Nínive”. A expressão “peso de Nínive” (v.1a)
proclama o início de sua ruína. O substantivo hebraico para “peso” é massa que
significa “carga, fardo, sofrimento” (Êx 23.5; Nm 11.11,17) bem como “sentença
pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (Hc 1.1; Zc 9.1; 12.1). Ela aponta
para a proclamação de um desastre (Is 14.28; 23.1; 30.6).
II. TOLERÂNCIA
E VINDICAÇÃO
1.
Vingança (v.2). A mensagem de
Naum é o juízo divino sobre Nínive. Aqui, sobressaem os atributos divinos
pertinentes ao tema. O verbo hebraico naqam,
“vingar-se, tomar vingança”, aparece três vezes só neste versículo e precisa
ser devidamente compreendido. Vingança é o castigo imposto por dano ou ofensa;
diz respeito a infratores contumazes da lei divina. Visto que a vingança
pertence a Deus (Sl 94.1), contra eles está o justo “Juiz de toda a terra” (Gn
18.25).
2. Longanimidade. Deus
é compassivo e “tardio em irar-se” (v.3a), pois a longanimidade divina espera o
arrependimento do pecador (Rm 2.4-6). Todavia, isso não é sinônimo de
impunidade, pois a justiça do Eterno não permite tomar o culpado por inocente.
Uma vez que Nínive persistiu em sua maldade e a Assíria construiu o seu império
pela violência e desrespeito aos direitos humanos, massacrando muitos povos,
dentre eles o de Judá e o de Israel, agora essas mesmas nações se alegrarão com
a queda e a humilhação da cidade maléfica (3.5-7).
3. O poder de Deus. As descrições poéticas dos atributos
divinos estão ligadas ao poder e a majestade de Deus (1.3-8). O profeta declara
que o Senhor “tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (v.3). Em
linguagem metafórica, o poder, a grandeza e a majestade do Senhor são descritos
através da força da natureza. Essas descrições mostram que a espera do Eterno
em punir os ninivitas não se deu por falta de poder, mas por causa de sua
longanimidade.
III. O CASTIGO
DOS INIMIGOS
1.
Quem são os “inimigos”? Os
assírios eram os “inimigos” e a expressão “peso de Nínive” (v.1) — referindo-se
à capital da Assíria — o confirma. A ausência da indicação desse povo (vv.
9-14) também ensina as nações, ao longo da história, que sentenças similares às
da Assíria são aplicáveis a qualquer povo que se levantar contra Deus. Por essa
razão a queda dos assírios foi definitiva (v.9).
2. O estilo de Naum. O livro do profeta Naum é rico em
metáforas. O exército assírio é comparado a um emaranhado de espinhos e aos
bêbados embriagados com vinho (v.10), significando que Deus enfraqueceu o poder
de Nínive e que os ninivitas são uma “presa fácil”. Por esse mesmo motivo,
Nabopolassar, rei de Babilônia e pai do rei Nabucodonosor, entrou na cidade em
612 a.C. sem resistência alguma dos assírios.
3. Reminiscências históricas? Alguns expositores bíblicos pensam que
o “conselheiro de Belial” (vv.11,12) é uma referência a Senaqueribe (2 Rs
18.13). É verossímil que o versículo 14 pareça aplicar-se a ele (2 Rs
18.36,37), pois a reminiscência histórica é comum em muitas mensagens
proféticas. Entretanto, não é o que parece aqui, pois provavelmente a expressão
“mais ninguém do teu nome seja semeado” (v.14), aluda à falta de herdeiro no
trono, denotando o fim do império. Tal sentença indica o caráter definitivo do
castigo divino.
4. A consolação de Judá. Assim como a profecia de Obadias era
contra Edom, mas a mensagem era para Judá, semelhantemente ocorre aqui,
conforme a declaração profética: “serão exterminados, e ele passará; eu te
afligi, mas não te afligirei mais” (v.12). Essa abrupta mudança da terceira
para a segunda pessoa indica a mensagem de esperança para Judá. O castigo de
Judá é corretivo. O povo ainda achará o favor divino (v.13). Mas o juízo dos
assírios é final, por haverem eles rejeitado a misericórdia que o Deus de
Israel, gratuitamente, lhes havia oferecido através de Jonas.
CONCLUSÃO
Assim como o juízo divino puniu a capital da perversa
Assíria, assim também acontecerá no dia da ira de Deus, quando Ele punirá a
todos, indivíduos e nações, que, rejeitando a sua misericordiosa graça,
perseveraram na prática do mal.
Nesse dia, todos prestarão contas de seus atos diante dEle.
É o que adverte o próprio Senhor através de seus profetas. Contudo, a porta da
graça está aberta, oferecendo gratuitamente, a toda as nações, ampla
oportunidade de arrependimento e salvação através de Jesus Cristo (2 Pe 3.9).
Comentários
Postar um comentário